Veterinários aprovam lei que proíbe silenciar cães e gatos
Cirurgia que corta as cordas vocais traumatiza o animal, dizem defensores dos bichos.
Governador Sérgio Cabral tem 15 dias para sancionar ou vetar a lei
A polêmica cirurgia que corta as cordas vocais de cães e gatos, impedindo-os de latir e de miar, pode estar com seus dias contados no Rio de Janeiro, depois que foi aprovado, na Assembléia Legislativa , o projeto de lei que proíbe o procedimento em todo o estado. Veterinários apóiam a idéia com entusiasmo, mas a decisão está com o governador Sérgio Cabral. Em 15 dias, ele precisa decidir se aprova; ou veta no todo ou em parte a lei.
A veterinária Karine Kleine, 30 anos, aprovou a iniciativa da lei, mas faz uma ressalva:
“Eu não conheço ninguém que tenha feito este tipo de cirurgia desnecessariamente. Se o animal está latindo é porque tem algum problema, alguma coisa errada com ele. O latido ou o miado é a verbalização do que ele está querendo. Pode ser fome, dor e até ansiedade. Nesses casos, a gente receita calmante. Se você tira as cordas vocais, você perde a comunicação com o animal e se tiver algo errado você não vai saber”, diz.
Bichos mais agressivos
A lei, de autoria da deputada Cidinha Campos (PDT), estabelece uma multa de dez mil Ufirs ( o equivalente a R$ 17 495) e a cassação de clínicas e profissionais que descumpram a determinação. O projeto traz uma emenda, de autoria do deputado Pedro Paulo (PSDB), que permite intervenções cirúrgicas do gênero para os casos que possam salvar a vida dos animais, como a presença de câncer ou inflamação nas cordas vocais do bichano.
Cidinha argumenta que este tipo de cirurgia é feito para evitar que os animais façam barulho e possam conviver melhor em edifícios.
“Estudos especializados mostram que a limitação do meio de expressão do animal influencia de forma negativa todo o seu comportamento, podendo levá-lo, inclusive, a atitudes ferozes ou violentas", diz ela.
Trauma no animal
O presidente do Sindicato estadual dos Médicos Veterinários do Rio de Janeiro, Décio Lima de Castro, também é favorável a aprovação dessa lei. Segundo ele, a cirurgia traumatiza o animal.
“Eu faço o juramento para salvar a vida dos animais. Esse tipo de cirurgia é traumatizante. O dono que permite isso não devia ter animal. Na verdade, eu sou contra é criar cachorro em apartamento. O animal precisa de espaço. Você tem que sair com ele todo dia. Cachorro e gato em apartamento incomodam os vizinhos sim e dá muito lucro ao veterinário, porque eles têm uma série de doenças que não teriam se tivessem uma vida ao ar livre”, explica.
Lei proíbe cirurgias que impedem cães de latir e gatos de miar (Foto acima: Renata Granchi/G1)
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