Caso Nivanildo Barbosa Lima de Paulo Afonso, na Bahia Desapareceu em 20 de julho de 1995 e foi encontrado morto em 22 de julho de 1995 Foi num quinta feira dia 20 de julho de 1995 que Nivanildo Barbosa Lima com 27 anos de idade na época, saiu as 900hs da manhã de sua residência com destino á Igreja Nossa Senhora do perpétuo Socorro onde iria participar de uma reunião e realizar alguns trabalhos. Passou em frente ao sindicato dos Bancários e disse aos colgegas que após as tarefas viria para aquele local, entretanto não retornou nem foi para casa na hora do almoço. Ao anoitecer seus pais e familiares entraram em pâniconico e fizeram várias buscas nos prováveis lugares onde´´Niva´´ poderia se encontrar , mas, tudo em vão. No dia seguinte, os familiares mobilizaram a polícia para novas buscas, mas infelismente nenhuma pista, a não ser uma informação de um amigo da família que o viu de mãos dadas com uma mulher de aproximadamente 30 anos de idade na quinta feira, época do fato. Clima de Tensão A tensão foi aumentando a cada hora, a cada minuto e nenhum sinal de Nivanildo. Na sexta feira 21 de julho de 1995, por volta das 1600hs o telefone toca na casa de sua mãe, dona Nena Cabeleleira, situada á Av. Getúlio Vargas. Era uma voz que dizia para Nivânia, irmã de Nilvanildo que ele estava amarrado e sofrendo na casa onde funcionava o varandão e que estava em companhia de uma mulher branca e três homens. Com isso a família acionou a polícia que se dirigiu até o local, mas nada encontraram. Anoitece mais uma vez e nada de novidades.As esperanças de encontrar Nivanildo com vida ainda não haviam se apagado. Uma corrente de orações envolveu a todos os amigos, parentes e familiares. A preocupação era tamanha. A busca incansável se fazia a cada instante. Muita gente se mobilizou para encontrar Nivanildo. Afinal, um jovem, pacato, amigo, sensível e companheiro, não podia se perder simplismente, a questão era mais forte e os familiares começaram a desconfiar que ele poderia ter sido sequestrado. Nivanildo não tinha inimigos nem havia saido acompanhado de maus alementos. As buscas continuaram até a meia noite de sexta feira, quando praticamente todos os lugares foram vasculhados. No sábado 22 de julho de 1995, pela manhã dois rapazes encontraram o corpo de Nivanildo boiando na barragem da PA-4. Era realmente o jovem que tanta gente estava anciosa para que fosse encontrado. A polícia tomou conhecimento do fato e comunicou a família, que se deslocou para reconhecimento do corpo. Ao ser retirado para fora do canal, foi observado um profundo golpe no ouvido esquerdo como se tivesse sido provocado por um instrumento cortante, mas foi constatado pelos peritos em Salvador-Ba que realmente as partes feridas nos ouvidos e no olhos esquerdo foram provocadas pelos peixes, entretanto, segundo a autópsia realizada em Salvador-Ba , Nivanildo foi afogado por afixia mecânica, isto quer dizer que realmente houve crime. Mutio Mistério O resultado da perícia realizada no Hospital Nair Alves de Souza, em Pauo Afonso-Ba não convenceu os familiares de Nivanildo que imediatamente trataram de levar o corpo para autópsia em Salvador. Além do mais haviam motivos para que assim procedessem. O corpo foi levado á Salvador por conta de uma caleta entre o Capitão Carvalho Lima e a então Prefeita de Salvador Lídeceda Mata e do PC do B que arrecadaram o valor de três mil e quinhentos reais da época para as despesas. Ameaça de Morte Há um mês de sua morte Nivanildo entrou em contato com o Padre Wilson, editor do Jornal ´´Pontode Encontro´´, onde Nivanildo era também redator e contou-lhe que estava sendo ameaçado de morte. Do mesmo modo telefonou telefonou para a redação da Gazeta da Bahia de Paulo Afonso-Ba relatando que ´´que estava sendo ameaçado e que a pessoa que estava ao telefone tinha uma voz muito conhecida, entretanto não podia adiantar o nome porque tinha mêdo de cometer uma injustiça caso não fosse a pessoa que estava pensando´´. Afogado ou Morto? O telefonema recebido por Nivânia é uma das provas evidentes de que assim não fosse, ele teria voltado para casa e tudo não passaria de uma pequena viagem, um passeio ou coisa parecida, entretanto, no dia seguinte seu corpo estava inete sobre as águas da barragem PA-4. A morte de Nivanildo deixou a sociedade mais quieta do que nunca. Nenhum ruído de maniferstações, clima de revolta aparente ou coisa parecida. Também pudera, as ameaças continuavam e já há uma lista de 8 pessoas que podem ter a vida ceifada. É preciso que seja dado uma basta nessa situação, para que as pessoas possam ir e vir sossegadamente, sem serem molestadas, feridas e terrívelmente assacinadas. Quando é que essa onda de crimes vai ter um fim? Um idealista apaixonado por Jornalismo Jovem ingênuo e dócil. Essa imagem foi o que restou de Nivanildo Barbosa Lima, 27 anos, encontrado morto em 22 de julho de 1995 na represa Paulo Afonso (PA-4), localizada na cidade de mesmo nome, no norte da Bahia. O rapaz que queria cursar Jornalismo e falar no rádio, mas não teve tempo de concretizar seus sonhos, participava ativamente do jornal Ponto de Encontro, da Igreja Católica, por idealismo e vocação. O tablóide registrava a voz dos movimentos populares e chegava às cidades de Paulo Afonso e da vizinha Glória com denúncias sobre os grupos de extermínio da região. “Há quem diga que a morte de Nivanildo foi um aviso para a direção do jornal”, acredita o padre José Wilson Andrade, que atuou na Paróquia Sagrada Família de 1991 até fevereiro de 2002 em Paulo Afonso, ajudou a fundar o Ponto de Encontro, e hoje faz o curso de Mestrado em Belo Horizonte. Toda as pessoas que, de alguma forma, fizeram críticas aos grupos de extermínio, foram ameaçadas. A revista Gazeta da Bahia chegou a mencionar uma lista deste grupo, que ficou conhecido como “Os Sentenciados”. Na lista havia nomes de jornalistas, radialistas, religiosos, sindicalistas - entre eles, o de Nivanildo. Ponto de Encontro cumpria um papel de oposição numa cidade em que a maior parte dos jornais e das rádios estavam sob a influência do Partido da Frente Liberal (PFL). Nivanildo ingressou na equipe quando o jornal foi ampliado e passou a ter dois cadernos. Ele era então um militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B). Escrevia uma coluna de política e participava da discussão de pautas. “Nivanildo dizia que o jornal não podia ficar calado sobre o crime organizado, embora não escrevesse diretamente sobre isso”, lembra o padre. O próprio Nivanildo ajudou a organizaruma passeata contra os desmandos e os assassinatos cometidos pelos grupos de extermínio. Desde criança o rapaz mostrava um interesse especial pelo Jornalismo. Tinha cursado apenas o 1º Grau, mas adorava ler livros e jornais, devorando-os com a mesma voracidade com que assistia aos noticiários pela televisão. Chorou quando ouviu a notícia da chacina dos meninos de rua na frente da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, e desabafou: “Isso é uma injustiça”. A família do rapaz, ainda traumatizada pela forma brutal como ele apareceu morto na represa de Paulo Afonso, não quer dar declarações. Quase 13 anos depois do ocorrido, os pais deixaram a casa onde viviam quando Nivanildo estava vivo. Confiam apenas na Justiça de Deus. Ameaças antes de morrer Familiares lembram que, às 8h do dia em que desapareceu, Nivanildo estava em casa quando recebeu um telefonema, passou a mão na cabeça e disse “Meu Deus”. Depois, falou que tinha de ir até a Igreja Perpétuo Socorro. E desde então nunca mais apareceu. Na tarde do dia seguinte, a irmã de Nivanildo atendeu uma ligação de um homem. Sem se identificar, o homem afirmou que o jovem estava amarrado no Varandão (uma chácara próxima ao aeroporto), com dois rapazes e uma moça. Outra informação que consta nos depoimentos prestados à polícia foi dada por um amigo da família, que teria avistado Nivanildo com uma moça loira, entre 9h30min e 10h do dia em que desapareceu, sem ter certeza se a mulher estava acompanhando Nivanildo ou se os dois “andavam casualmente”. Por duas vezes, pelo menos, Nivanildo disse ter recebido ameaças. Numa reunião do Ponto de Encontro, comentou com o padre Andrade: “Esses caras estão querendo me matar”, sem entrar em detalhes. Na tarde antes de desaparecer, Nivanildo ligou para Aníbal Alves Nunes, editor da revista Gazeta da Bahia, e falou que estava sendo seguido e que havia recebido telefonemas avisando que não deveria ter publicado artigos sobre os grupos de extermínio. Quando o corpo de Nivanildo foi encontrado na barragem, houve insinuações de que ele havia se suicidado porque teve uma crise existencial. Os familiares e os amigos sempre rebateram essa versão. Os jornalistas e radialistas que denunciaram os grupos de extermínio em Paulo Afonso, na mesma época de Nivanildo, também sofreram perseguições e ameaças. O jornalista Roberto Borges Evangelista, 44 anos, conhecido como Beto Borges, em 2002 é assessor da Prefeitura de Jeremoabo, na Bahia, mas durante os anos 90 teve de sair de Paulo Afonso para se manter vivo. As ameaças eram uma represália às denúncias que fazia na rádio Cultura, onde tinha um programa de música e de notícias policiais, e no jornal Opus, em queele dizia abertamente os nomes dos envolvidos nos grupos de extermínio. Borges era também membro do Conselho da Comunidade da Comarca de Paulo Afonso, que fazia o acompanhamento das condições dos presídios. Durante um tempo, recebeu “recados” para se calar. A “gota d’água” que o fez sair da cidade foi quando um dos “clientes” do Conselho da Comunidade - um preso que havia escrito uma carta de dentro da cadeia denunciando torturas feitas pelo Sargento Martins - apareceu morto, semi-enterrado na entrada da casa do presidente do Conselho: estava escalpelado com facão e tinha as mãos cortadas. Como Borges, Luiz José Ferreira de Brito, conhecido como Bob Charles, saiu de Paulo Afonso quando as ameaças se tornaram mais freqüentes. Hoje é dono de um jornal independente e assessor de um vereador, mas nos anos 90 trabalhava numa rádio em que denunciava o crime organizado, citando nomes. “A polícia mandava recados: você pode amanhecer com a boca cheia de formigas”, recorda. Aníbal Alves Nunes, editor da revista Gazeta da Bahia, sofreu dois atentados por conta de sua persistência. “Todo crime que acontecia eu registrava, mas não divulgava os nomes de mandantes, por isso ainda estou vivo”, avalia. “Eu divulgava sistematicamente, o que gerou a vinda de um grupo de Salvador para fazer o levantamento completo sobre os crimes: como matavam, como queimavam os corpos - eram crimes muito semelhantes”. Contexto político da morte Em 1995, a cidade de Paulo Afonso, a 507 quilômetros ao norte de Salvador, ainda vivia em torno da Companhia Hidrelétrica de São Francisco (CHESF). Tinha cerca de 80 mil habitantes (hoje são 96,4 mil, de acordo com o censo de 2000). A represa que modificou o cartão postal da cidade, geralmente ilustrado pela cachoeiras de Paulo Afonso, trouxe o desenvolvimento para a região. Com o fim das obras da barragem, no entanto, os moradores de Paulo Afonso passaram a sentir os reflexos do desemprego. “A CHESF, que empregava em torno de 15 mil funcionários em 1995, tem hoje em torno de 2 mil”, diz Nunes, da Gazeta da Bahia. Os cargos no comércio e na construção civil são escassos. Nunes lembra que uma boa parte dos moradores foi embora, outros se dedicam à pecuária, à agricultura e aos trabalhos nas cidades vizinhas. Mas a agricultura na região é irrisória devido aos longos períodos de seca. Ironicamente, o município tem uma das maiores arrecadações no Estado, devido à presença da hidrelétrica. Em meados dos anos 90, os jornais e as rádios denunciavam a atuação dos grupos de extermínio na região. Nunes explica que havia dois grupos rivais na cidade. Um deles era liderado pelo Sargento Martins, hoje preso. O outro, pelo capitão Carvalho Lima, que morreu em um confronto mal explicado pela polícia. O capitão Carvalho Lima chegou a ser vereador e teve seu mandado cassado. Embora um fosse subordinado ao outro, os dois se desentenderam e começaram a denunciar a participação recíproca em mortes e roubos na região. Padre Andrade acredita que a morte de Nivanildo pode estar associada ao fato de o jovem ter sido arrolado, a pedido do capitão Carvalho, como testemunha de crimes que teriam sido cometidos pelo Sargento Martins. Nivanildo teriainclusive dado uma entrevista numa rádio acusando o sargento. Martins foi condenado a 32 anos de prisão por duplo homicídio, como mandante de outro crime. Seu nome não é citado no inquérito da morte de Nivanildo. O juiz Abelardo Paulo da Matta Neto, da 8ª Vara Crime de Salvador, que foi juiz da Vara Crime de Paulo Afonso de 1993 a 1997, lembra que havia a suspeita de o sargento ser um dos mentores do esquadrão da morte na região. “Por falta de provas, ele não foi acusado por sua participação no crime organizado - a Justiça só trabalha com provas”, ressalta o juiz. Pela Internet, o próprio Martins se defende das acusações. No site amigosdosargentomartins.vilabol.uol.com.br/principal.html, ele se diz um “líder perseguido por ter denunciado um poderoso esquema de corrupção, furtos, tráfico de drogas, além de outros crimes praticados pelo capitão da Polícia Militar da Bahia, Carvalho Lima (...)”. A repercussão causada pela morte de Nivanildo e o crime ocorrido em Glória em que foi indiciado o sargento Martins ajudaram a mudar a realidade em Paulo Afonso. Rosalino dos Santos Almeida, juiz titular da 1ª Vara Cível de Paulo Afonso e substituto da Vara Crime em Glória, Rodelas e Chorrochó (cidades próximas), trabalha na região há 12 anos. Segundo Almeida, o sargento Martins só foi preso porque uma testemunha do crime praticado na cidade de Glória teve a coragem de depôr contra o policial em um inquérito. “O pessoal da igreja começou a levar as vítimas para a promotoria, e não para a delegacia, porque a Polícia Civil e a Militar tinham medo do sargento”, conta Almeida. Com a prisão de Martins, houve também uma reestruturação da polícia na região. Almeida é a favor de mudanças no sistema de investigação no Brasil. “É preciso criar uma forma de apurar o fato o mais próximo possível do ocorrido, senão as pessoas se esquecem dos detalhes, provas que podem ser valiosas para a condenação de quem praticou o delito - aí é trabalho dobrado e caso perdido”, reclama o juiz. “Na maior parte dos casos, as testemunhas voltam atrás nos depoimentos”. Morte de Nivanildo Barbosa Lima precisa ser investigada O minguado inquérito policial aberto em 22 de julho de 1995 para investigar a morte de Nivanildo Barbosa Lima, redator do jornal Ponto de Encontro, de Paulo Afonso, na Bahia, é um reflexo do desdém com que o caso vem sendo tratado desde então. De concreto, existe apenas um laudo de exame do cadáver feito no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, em Salvador, em agosto de 1995, que constatou morte devido a asfixia mecânica por afogamento. A polícia e o Ministério Público aceitaram, num primeiro momento, a versão de “morte natural” e não investigaram outras prováveis causas. Em 26 de outubro de 1998, a juíza Maria Auxiliadora Sobral Leite decidiu pelo arquivamento do caso. Em junho de 2002, o promotor de Justiça auxiliar da Comarca de Paulo Afonso, Hugo Casciano de Sant’Anna, resolveu dar andamento ao pedido de reabertura do inquérito para apurar novas provas. Um ano antes, uma outra promotora já havia pedido que as investigações prosseguissem e que a po- lícia colhesse novos depoimentos, o que não foi feito. Questionada pela SIP, em novembro de 2002, a promotora de Justiça de Paulo Afonso, Izabel Cristina Vitória Santos, encaminhou ao Coordenador Regional de Polícia de Paulo Afonso, Celso Lima Bezerra, um pedido de informações sobre o andamento das investigações criminais. Bezerra encaminhou o inquérito para a delegacia de Paulo Afonso para dar prosseguimento às investigações. A pedido da SIP, o perito e professor de criminalística e balística, Domingos Tocchetto, que já colaborou para a solução de casos de repercussão nacional, avaliou o laudo que consta no inquérito sobre a morte de Nivanildo. Segundo Tocchetto, um laudo de asfixia mecânica é a maneira mais simples de se descartar um inquérito. Mas quem garante que o afogamento não foi provocado? “Há uma série de pontos que precisam ser esclarecidos”, acredita. Ele apontou algumas dúvidas a partir da leitura do laudo do cadáver:
sangue e análise das vísceras, além de alcoolemia (e, segundo os dados da alcoolemia, Nivanildo estaria bêbado). Por que o resultado destes exames não está anexado ao inquérito? ....... 2. Quando o corpo foi encontrado, houve boatos de que ele estaria sem a língua, ou com a língua cortada. No laudo, há uma descrição detalhada da boca, e não é mencionada a questão da língua. Não foram ouvidas testemunhas sobre esse fato. 3. As fotos que constam no inquérito aparentemente foram todas feitas por um jornalista, Aníbal Alves Nunes, e não por um perito. Nas fotos, Nivanildo aparece sempre do lado esquerdo, onde 4. se vê lesões no supercílio e na orelha. Mas o laudo aponta a “ausência do lóbulo do pavilhão auricular direito com destruição parcial”. Por que as fotos mostram só um lado se houve lesões 5.do outro também? Tocchetto estranha estas lesões. Por que os peixes iriam comer uma só orelha, e deixar ilesas outras partes expostas do corpo? 6. No exame dos ouvidos consta “ausência de pavilhão auricular esquerdo e lóbulo do ´pulmão`”. 7. O perito questiona se esse “lóbulo do pulmão” seria um erro de digitação, porque está citado junto com o exame da parte externa do organismo, e não da parte interna. 8. O laudo identifica uma ferida na região nasal, mas não explica qual a origem (em relação às outras lesões, aponta como sendo possivelmente causadas por animais necrófagos). Há também uma lesão irregular na região superciliar direita. No laudo, consta que possa ter sido causada por animais necrófagos. Mas uma lesão deste tipo pode sugerir também que Nivanildo 9. tenha sido agredido ou levado alguma batida antes de cair na água. 10. As fotos anexadas ao inquérito só mostram lesões na região superciliar esquerda. 11. As lesões foram apontadas como sendo produzidas depois da morte, por animais “marinhos”. Nivanildo estava num lago de uma represa - existem animais marinhos ali, ou houve um problema de digitação? 12. A análise da calota (porção superior da caixa craniana) identificou uma “congestão difusa”. O perito questiona o que querem dizer com a expressão e qual seria a causa do derrame de sangue, como é indicado pelo termo “impregnação hemática”. Pode ter sido uma pancada, uma queda, ou uma batida, por exemplo. 13. O laudo não descarta a hipótese e nem investiga a possibilidade de, antes de ter se afogado, Nivanildo ter recebido uma paulada ou sido pressionado para dentro da água. Segundo o perito, a exumação do corpo pode identificar se há ossos fraturados na cabeça ou na face - um indicativo de uma pancada. No caso de se realizar uma exumação, é aconselhável fazer a varredura 14. de todo o corpo com Raio X para verificar se existe a presença de algum projétil. 15. Por que não foi feito um levantamento dos últimos momentos de vida de Nivanildo? Se ele havia bebido, onde bebeu? Com quem? 16. A quantos metros da barragem ele estava? Qual a posição em que foi encontrado? Por que não há fotos feitas por peritos no local? em 20 de julho de 1995 e foi encontrado morto em 22 de julho de 1995) Local e circunstâncias da morte: saiu de casa por volta das 9h do dia 20 de julho de 1995 em direção à Igreja do Perpétuo Socorro, onde iria participar de uma reunião do jornal Ponto de Encontro. Passou em frente ao Sindicato dos Bancários e disse a amigos que depois da reunião voltaria ao local. Seu corpo foi encontrado boiando na represa PA-4 da CHESF-Paulo Afonso, com ferimentos no rosto. O laudo da necrópsia constatou "afogamento por asfixia mecânica". Provável causa: estava colhendo informações sobre o crime organizado e escrevia artigos para o jornal Ponto de Encontro Suspeitos: o inquérito foi arquivado em outubro de 1995. Com base no laudo cadavérico, a morte foi considerada “natural”. O Ministério Público pediu a reabertura do inquérito em junho de 2002 FICHA PESSOAL Lugar de Nascimento: Paulo Afonso, Bahia Idade ao morrer: 27 anos Estado Civil: solteiro Educação: 1º Grau Profissão/cargo: era redator do jornal Ponto de Encontro em Paulo Afonso, na Bahia Atividade Social/passatempos: gostava de jogar futebol Outras atividades ou funções: era militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B), assessorava sindicados e era ligado à Igreja Católica. CRONOLOGIA 20 de julho de 1995 - Nivanildo Barbosa Lima desaparece por volta das 9h, quando ia para a igreja 22 de julho de 1995 - O cadáver de Nivanildo é encontrado na represa Paulo Afonso - PA-4 - e o delegado Carlos Barbosa Sanches abre um inquérito para apurar a morte Agosto de 1995 - O laudo de exame cadavérico feito pelo Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, de Salvador, indica como causa de morte “asfixia mecânica por afogamento” 26 de outubro de 1998 - A juíza Maria Auxiliadora Sobral Leite aceita o pedido de arquivamento feito pelo Ministério Público 17 de junho de 1999 - A promotora de Justiça Isabel Adelaide de Melo Andrade pede o desarquivamento do inquérito, devido ao surgimento de novas provas 20 de junho de 2002 - O promotor de Justiça Hugo Casciano de Sant’Anna, da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Paulo Afonso, pede o retorno do inquérito para a delegacia, para que sejam encaminhadas as diligências pedidas pela promotora Outubro de 2002 - O inquérito permanecia no Ministério Público para ser novamente encaminhado à delegacia de polícia 7 de novembro de 2002 - A promotora de Justiça da 1ª Promotoria da Comarca de Paulo Afonso, Izabel Cristina Vitória Santos, solicitou informações sobre o caso para o Coordenador Regional de Polícia de Paulo Afonso, Celso Lima Bezerra 11 de novembro de 2002 - Bezerra disse que o inquérito seria encaminhado ao delegado de Paulo Afonso para dar andamento às diligências solicitadas. Nivanildo Você não se foi ´´Um encontro que foi um fiasco´´ vida que era a vida na visão de um idealista como Nivanildo, se não a oportunidade de afirmação de suas convicções? convicções as vezes tão subjetivas e tão profundas que nem mesmo sua família entendia. Nivanildo levava tão á sério a idéia de uma sociedade sem opresão que o resto ele relativisava. A família? Diante da guerra da Bósnia? Diante das crianças morrendo na África? ou diante da chacina de Vigário Geral, A chacina da Candelária ou das mortes do Carandirú? A vida? Que segnifica a vida dos 8 milhões de meninos de rua no Brasil? Ou dianet dos 40 milhões que passam fome e estão na miséria? A sua família não estava errada. Fizeram tudo que podiam a Nivanildo. Mas ele era uma pessoa que tinha, sobretudo, uma visão social muito ampla. Porque denunciar militares envolvidos no grupo de extermínio? Porque Nivanildo achava que acreditava que podia ter uma Paulo Afonso melhor, lívre dos ´´vampíros selvágens, insaciáveis, com a alma emporcalhada de pecados, o corpo debilitado pelo veneno da maldade e a mente podre de devasidão´´. Como bem escreveu Aníbal Nunes, lembrando outro assacinato envergonhando a querida Paulo Afonso. Embora jovem sua convivêncvia com os movimentos populares [militante político, fez parte de entidades estudantis, participante em Associação de moradores, assesorava sindicatos, representante do comitê da cidadania contra a Violência pela Paz] o tornara alvo dos bandidos, criminosos e assacinos travestidos de empresários, políticos e policiais, todos eles conhecidos da população de Paulo Afonso. No dia 20 de julho de 1995 desapareceu Nivanildo para ser encontrado 3 dias depois morto. morto? ´´sozinho no escuro qual bicho do mato sem teogonia sem parede prá se enconstar sem cavalo preto que fuja a galope você segue José, José para onde? se você gritasse se você gemesse se você tocasse A valsa vienese se você dormisse se você morresse Mas você não morre josé você é duro José´´... Nós os cristãos sabemos que a verdadeira vida vem depois da morte. Por que ficar calado., por tanto, vendo as injustiças perante nós? por isso esse bando de extermínio tinha que ir para a cadeia. Por isso ele relatizava a vida. A ninguém pertence o destino da vida senão á Deus. A ele cabe a decisão de quem vai viver e de quem vai morrer. Por isso Nivanildo se levantou contra os últimos atos de violência que envergonharam Paulo Afonso. o assacinato do Jovem Jair Andrade, o processo de afastamento do Capitão Carvalho Lima, o asacinato dos lavradores Elizeu Barbosa e José Manoel, o assacinato da jovem Gildineide, a violência do estado ao cidadão, enfim ele se levantou contra toda forma de violência. Vamos sentir muito sua falta. Nivanildo;familiares, amigos, companheiros e população. Mas acreditamosna sua causa, acreditamos na justiça divina, sabemos que sua mensagem cauiu na boa terra e ela vai germinar, vai crescer, vai revolucionar, vai transformar, vai mudar Paulo Afonso. Por isso você não morreu, você vive. Obrigado querido Nildo. OBS: Texto de Gezival Texeira Lima[primo de Nivanildo] Caixa Postal-09-Cep-29930-000 São Mateus-Es. |
domingo, 23 de setembro de 2007
CRÍME ORGANIZADO EM PAULO AFONSO-BA NOS ANOS 80 E 90.
22.07.1995.
Informação dada por Sociedade Interamericana de Imprensa.
fotografias da extinta gazeta da bahia de Paulo Afonso-ba.
texto Por Clarinha Glock
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